quarta-feira, 25 de junho de 2008

MÃO DE OBRA QUER FICAR

A “geração do ficar”, ou seja, os jovens que se desacostumaram ao namoro tradicional, preferindo os relacionamentos efêmeros da balada, trouxe seu estilo de vida para dentro da carreira. É a opinião de Ricardo de Rose, CIO da Epcos e um dos painelistas do CIO Fórum, realizado pela Amcham nesta terça-feira, 24, em Porto Alegre.

“Os jovens da TI de hoje não ficam muito tempo em uma empresa. Entram, enjoam, partem para outra, seja por um salário um pouco melhor, seja por qualquer outro fator”, declara De Rose, que não vê esta postura como um caso perdido.

“É possível solucionar isso, mas trata-se de uma ética que tem de ser explorada desde cedo – em casa, na faculdade. Ajudaria se aumentasse o número de disciplinas humanas nos currículos de graduações de TI, voltadas à gestão, plano de carreira, etc”, acrescenta.

Mas é difícil segurar, conforme Rogério Schultz Rodrigues. “A mão de obra qualificada para TI hoje é escassa. E enquanto não houver suprimento desta demanda, não vai ter jeito: toda empresa terá de estar atenta a este movimento de migração de profissionais”, destaca ele. “Para evitar a evasão, é preciso criar no jovem a consciência de quem nem só o salário é importante, e para isso um bom instrumento é o plano de carreira”, complementa.

Pode até ser, mas para Rafael Kuhn, diretor de Desenvolvimento e Tecnologia do Terra Networks, o dinheiro ainda conta muito na hora de contratar. “Os jovens já chegam ao mercado querendo nada menos que R$ 2 mil, R$ 2,5 mil”, ressalta. “E aí começa o canibalismo: os bons são disputados pelas companhias, e surgem não mais empregadores, mas sim mercadores, negociando mão de obra pelo melhor rendimento”, lamenta.

Tem jeito?
Para os CIOs, tem. Uma forma é o estabelecimento de parcerias entre empresa e universidade, no sentido de formar profissionais qualificados segundo os requisitos do mercado, não apenas da academia.

Outra maneira é ampliar o escopo das graduações. “Hoje, os cursos superiores formam para uma disciplina só: desenvolvedor, programador, analista. É preciso trabalhar mais o conceito de negócios, lançar ao mercado profissionais habilitados a aliar esta área à TI”, salienta Schultz Rodrigues.

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